IRMÃOS DE ARTE

Portal dedicado á memória do clã de artistas parentes de sangue familia Silva.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fique por dentro da arte natural

Ingênuos (Pintores)

São pintores autodidatas, chamados também de "primitivos", originários do povo, que se mantiveram à margem da estética oficial e da arte de vanguarda. A pintura ingênua caracteriza-se pela minúcia do desenho e pelas co-rés vivas e contrastantes. O artista ingênuo inunda suas obras de lirismo, sonho, fantasia, nostalgia, mística primitiva e se maravilha diante do esplendor das paisagens, dos animais, das flores, enfim, da vida.
A arte ingênua começou a ser valorizada no início do século XX e hoje, há vários artistas importantes em todo o mundo, em especial no Brasil: Artur Pereira, G.T.O. (Geraldo Teles de Oliveira), José Antônio da Silva, José Valentim Rosa, Júlio Martins da Silva, Madalena Santos Reinbalt, Maria Auxiliadora Silva, Pedro Paulo Leal, Raimundo de Oliveira e tantos outros.

MARIA AUXILIADORA

Pintores Naïfs
Um cometa das artes


Os cometas fascinam o ser humano pelas aparições freqüentemente inesperadas e, às vezes, espetaculares. É esse o caso da artista plástica Maria Auxiliadora da Silva, que pintou apenas sete anos, entre 1967 e 1974, mas conquistou um espaço eterno entre os maiores primitivistas brasileiros, enfocando desde o carnaval até a própria morte, passando por procissões, danças populares e cenas da vida doméstica e rural.

Bailes e festas caipiras também integram o universo imagético de Maria Auxiliadora, que realizou ainda tocantes auto-retratos, principalmente perante a proximidade da morte, por câncer generalizado, em 1974, após uma luta intensa que deixou retratada em uma obra, que vai do ingênuo ao trágico em menos de uma década.

Maria Auxiliadora nasceu em 24 de maio de 1935, em Campo Belo, MG, numa família de 18 irmãos, gerados por Dona Maria, uma humilde bordadora, que acumulava ainda as funções de dona-de-casa, escultura e pintora. Nascida em Sorocaba, SP, e casada com um trabalhador braçal de estrada de ferro, ela migrara para a cidade mineira, onde tivera os primeiros filhos, entre eles Auxiliadora, que veio com a mãe e os irmãos para São Paulo, todos atraídos pelas promessas de prosperidade que a capital paulista oferecia.

A vida na cidade foi bastante dura. Auxiliadora, ainda criança, mostra uma inclinação natural para tingir os fios que a mãe borda para fora e, com 11 anos, já desenhava, com carvão, figuras nos muros. Absorta nessa atividade esquecia muitas vezes de olhar as panelas no fogo e a comida da família queimava.

Como freqüentou a escola apenas um par de anos, Auxiliadora somente teve trabalhos humildes, como doméstica ou passadora. Para piorar sua saúde era frágil e, aos 22 anos, teve de ser submetida a uma primeira cirurgia. Foi em 1967 que ela decidiu se dedicar integralmente à pintura, trabalhando com determinação na casa dos pais e, depois, na própria casa.

Sem conhecer perspectiva ou claro-escuro, bem dentro dos princípios dos artistas autodidatas, Auxiliadora foi aprimorando sua arte. No fim dos anos 1960, juntou-se, com outros integrantes da família, pintores, como o escultor Vicente de Paula e o pintor João Cândido, ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, principalmente de cultura e arte de origem africana.

Com o passar dos anos, o Embu foi dominado pelos hippies e por artistas mais preocupados com os preços do que com a qualidade do trabalho artístico. Descontente com a situação, Auxiliadora retornou à Capital e passou a expor seus trabalhos na Praça da República. Conheceu então o físico e crítico de arte Mário Schemberg, que a apresentou ao cônsul dos EUA Alan Fisher. Este último organizou, em 1971, com sucesso, uma exposição da artista na galeria USIS do Consulado, em São Paulo.

A notoriedade, porém durou pouco e Auxiliadora continuava sendo admirada apenas por alguns artistas primitivistas, como Ivonaldo e Crisaldo Moraes. Em 1972, aos 37 anos, Auxiliadora finalmente realizou o desejo de voltar a estudar, inscrevendo-se no Centro de Alfabetização de Adultos, universo que também retratou em seus trabalhos. Mostra, com crueza, a realidade dos cursos noturnos, repleta de alunos cansados e sonolentos lutando com letras e números.

Mas a passagem do cometa Maria Auxiliadora estava fadada a ser rápida. Após uma dolorosa batalha contra o câncer, que a levou a ser operada seis vezes nos últimos dez meses de vida e a recorrer a medicamentos tradicionais, a artista faleceu em 20 de agosto de 1974, de câncer generalizado, após tentar a medicina, centros espíritas e candomblé.

Três anos depois, a editora italiana Giulio Bolaffi publicou, numa edição com texto em quatro idiomas, o livro Maria Auxiliadora da Silva, com textos de Max Fourny, diretor do Museu de Arte Naïf de l'Ile, França; Emanuel von Lauenstein Massarani, adido cultural do Brasil na Suíça, que coloca a artista na fronteira entre a arte primitivista e a arte bruta, ou seja, aquela praticada fora do condicionamento cultural e do conformismo social; e Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo.

Coube ao marchand alemão Werner Arnhold, no final da década de 1970, colaborar definitivamente para que Auxiliadora alcançasse renome na Europa, levando seus trabalhos de feiras de arte e exposições na Basiléia, Dusseldorf e Paris. A crítica internacional logo ficou fascinada pela forma como trabalhava as cores e as temáticas tipicamente brasileiras.

A variedade temática é um dos pontos mais interessantes de Auxiliadora, que parece fazer uma crônica daquilo que via. Utilizava tinta acrílica de cores geralmente fortes, como vermelho e amarelo, e salientava partes do corpo humano e das paisagens, utilizando cabelo de verdade pintado ou uma massa de espessura variável, cujo modo de fazer nunca revelou a ninguém.

O que mais fascina nos trabalhos de Maria Aparecida é a forma de trabalhar a cor branca. Os vestidos de escolas de samba, bailes ou festas de maracatu ou divindades do candomblé apresentam rendas e as casas cortinas em relevo e uma sutil transparência. O mesmo ocorre numa tela como Auto-retrato com flores, no qual as rendas estão no vestido e na touca que cobre a cabeça da pintora.

Auxiliadora colocava muitas vezes legendas em seus quadros, como se fossem desenhos animados, seja na boca de um sanfoneiro de festa junina ou de uma cena de candomblé. Outro aspecto curioso de seu padrão artístico é uma tela como Natureza morta, em que , sobre uma mesa sem perspectiva, elementos de uma refeição, como macarronada, feijoada, vinho doce,pão, frango, farofa, carne assada e arroz surgem com os nomes escritos nos respectivos pratos ou garrafas. Nessa mesma linha diferenciadora de seu trabalho, é comum que, nas cenas de interiores, Auxiliadora coloque nas paredes quadros de sua própria autoria.

A artista também tinha uma forma diferente de negociar seus quadros. Se a norma é cobrar preços maiores por pinturas de maiores dimensões, ela tinha seus próprios parâmetros, estabelecendo valores pelo tempo que demorava em pinta-los ou pela qualidade que atribuía a cada um deles. Esses critérios, muito peculiares, mostram consciência do valor do seu trabalho e de que ele devia ser vendido pelo esforço realizado e pelo resultado obtido, não pelos centímetros quadrados que ocupava.

Nos dois últimos anos de vida, Auxiliadora desenvolveu uma faceta muito peculiar. Em sua luta pela vida, nunca parou de pintar, registrando cenas de extrema-unção, hospitais, ambulâncias, velórios e enterros, além de um comovente Auto-retrato com anjos, no qual seres divinos nus, sobre um fundo azul claro, rodeiam, com uma grinalda de flores brancas e vermelhas, a pintora em seu ofício, criando, no cavalete, uma cena rural. Os anjos trazem tintas, pincéis e quadros, compondo um testamento poético primitivista de amor à arte.

A maior prova de que a arte foi, para Maria Auxiliadora da Silva, um ato de resistência à morte está no desenho inacabado encontrado embaixo de seu travesseiro de seu leito de morte. Autora de alegres festas e colheitas extremamente coloridas; de festas juninas com fogueiras de chamas dinâmicas em vermelho, laranja, amarelo e verde; e quadros em que as figuras humanas choram, seja vendo uma novela pela televisão na sala, em auto-retratos ou em aulas de alfabetização noturnas para adultos, ela foi uma lutadora até o último momento.

Tal qual um cometa, de passagem rápida, muito esperada e inesquecível, cada imagem pujante criada por Maria Auxiliadora da Silva, artista nunca acomodada, seja na técnica muito pessoal, nos temas variados ou no amor à vida, é um documento de uma passagem luminosa, mas infelizmente fugaz pelo mundo das artes.
"Homenagem posthuma a Maria Auxiliadora" Praca de RepublicaArylic on canvas 1974 50 / 70 cm


Texto: Oscar D'Ambrosio é jornalista, crítico de arte e autor de Os pincéis de Deus: vida e obra do pintor naïf Waldomiro de Deus (Editora UNESP).

Lélia Coelho Frota. "Eros e erosão na pintura de Maria Auxiliadora". In: FROTA, Mitopoética de 9 artistas brasileiros. São Paulo, Editora Fontana Limitada, 1975, pp. 99-112.

Pietro Maria Bardi. Maria Auxiliadora da Silva. S.l. (Itália), Ed. Giuliobolaffi, 1977.

Pesquisa e seleção de imagens: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

Imagens obtidas em Google Imagens

VICENTE PAULO DA SILVA

Vicente Paulo da Silva nasceu em 1930, em Santana do Jacaré (MG).
Desde a infância, revelou inclinação para a escultura. Seus irmãos adotaram a pintura como expressão artística, sempre
incentivados pela mãe. Dos irmãos, Vicente Paulo da Silva assumiu naturalmente, e movido pelas circunstâncias a liderança, o incentivo
e a divulgação da escultura e pintura produzidas em família. Aos poucos, cada um procurou sua independência e características próprias.
A vinda para São Paulo, a exemplo dos migrantes, revestiu-se da luta pela sobrevivência. Os momentos difíceis foram
superados pela dedicação materna e união familiar. Anos depois, Vicente Paulo da Silva conheceu Raquel, filha de Solano Trindade,
atuante incentivador da arte popular no Embu, onde tiveram a oportunidade de comercializar os primeiros quadros e esculturas em
madeira, coroando o trabalho autodidata dessa família de artistas que se manteve fiel às origens, mediando sua atuação entre as classes
populares e o mundo acadêmico amante da pintura e escultura, que evocavam o cotidiano brasileiro na sua mais pura expressão.
Vicente Paulo da Silva dedicou-se à escultura em madeira. Esta representava arte, lazer e sobrevivência. Associado à arte,
o trabalho braçal, na década de 60, foi responsável pelo sustento da família. Após ser reconhecido como exímio escultor, manteve o
hábito de percorrer a periferia, onde, cercado pelas crianças de olhares curiosos, incentivava esse gosto de tirar da madeira bruta,
vivas expressões do cotidiano. Esse milagre da transformação tinha em Vicente Paulo da Silva o mediador hábil que dava vida à madeira
seca, fosse ela nobre ou não. Não importava a origem. O produto final encantava a todos. Mesmo não tendo formação acadêmica,
suas mãos revelavam o papel educador daqueles que tem compromisso com a arte e com o homem na sua essência mais nobre.
Em casas simples, em mansões e em museus do Brasil e do Exterior, há peças de Vicente Paulo da Silva, comprovando
o papel da arte que supera preconceitos e aproxima as pessoas por meio de sua linguagem universal e envolvente, entendida por todos
que têm sensibilidade.
O morador do Largo dos Jesuítas nº 98-B, no município de Embu, faleceu aos 50 anos, no dia 11 de janeiro de 1980, deixando
como descendentes as obras que criou.

JOÃO CÃNDIDO DA SILVA

João Cândido da Silva é um pintor brasileiro que retrata em suas obras cenas do folclore da cultura popular brasileira. Foi também co-fundador da Escola de Samba Unidos do Peruche.



Nasceu em uma família de 18 irmãos gerados por dona Maria, uma humilde bordadeira, que acumulava funções entre ser dona-de-casa e artista plástica. Nascida no interior de São Paulo, casada com um trabalhador braçal de estrada de ferro, migrou para a cidade mineira, onde teve os primeiros filhos, entre eles João Cândido. Diante das dificuldades e privações financeiras, partem para São Paulo em busca de uma vida melhor. João Cândido diz que as primeiras impressões na cidade nova provocaram-lhe um certo temor. Até então, acostumado com uma paisagem rural, diferente do movimento urbano da cidade grande..


Ainda criança demonstrava interesse pelas artes, enquanto sua mãe trabalhava em suas pinturas e esculturas, o jovem desenhava com carvão nas paredes da casa. Para impedir que o Cândido continuasse com a “sujeira”, Dona Maria disponibilizava alguns materiais de pintura como restos de tintas e pincéis velhos.Assim, inicia suas primeiras experiências com as tintas óleo e acrílica aplicando-as sobre os suportes mais variados possíveis.



Os temas preferidos, são as festas e manifestações populares como: o boi, a capoeira, o futebol, o carnaval e a folia de reis. Embora a pintura seja sua mais recorrente forma de expressão, o artista também esculpe; trabalha com madeira, papel, arame recozido entre outros materiais.

João Cândido da Silva é irmão da pintora primitivista Maria Auxiliadora (1935-1974), a mais conhecida integrante da família Silva. Em 4 de janeiro de 1957, João Cândido, ao lado de Carlos Alberto Caetano, o Carlão, funda a Escola de Samba Sociedade Esportiva Recreativa Beneficente Unidos do Parque Peruche, que traz no seu pavilhão as cores: verde, amarela, azul e branca, cores facilmente identificadas em suas obras. Além de cuidar da administração da escola, João fabricava os instrumentos de percussão e ainda atuava como ritimista da bateria onde tocava “contra-surdo”.

Em 1960, por intermédio do irmão Vicente, que namorava Raquel, filha do músico e poeta Solano Trindade, iniciou sua participação em eventos culturais realizados em Embu das Artes, São Paulo. Mas para o artista, fazer apenas uma forma de sobrevivência, é buscar novos desafios. Ao voltar, recentemente, de uma viagem patrocinada pelo Institut de Sciences Politiques de Paris, organização estrangeira que divulga trabalhos dos artistas brasileiros na França, ele afirmou que embora tenha recebido muita atenção “lá fora” gosta mesmo de ficar por aqui, no Brasil, pintando as emoções do povo brasileiro. Atualmente está trabalhando com materiais reciclados.
Oscar D’ Ambrosio, que pesquisa sobre artistas naifs brasileiros chama a atenção para outras possibilidades de leitura a respeito da obra de João Cândido quando declara: “Embora autodidata, o traço de João Cândido não se vincula totalmente ao primitivismo, principalmente pelo uso da perspectiva na composição de paisagens e no respeito pelas proporções das personagens entre si e destas em relação ao ambiente em que se inserem”.


Na foto acma ao lado, João Cãndido e José Maria Bernardelli se emcontram no museu Florestal, local onde expuseram ''MAGIA DAS MÃOS'' além de obras de Vicente de Paula, irmão de Cãndido.

Outros interessados pela pintura brasileira têm lançado um olhar mais investigativo sobre a obra dos chamados “artistas ingênuos”.Neste sentido, acreditamos ser de suma importância a catalogação da obra artística de artistas como João Cândido da Silva, pois, somente assim, poderemos ter uma fonte sistêmica de consulta para aqueles que desejam dedicar um pouco mais de atenção ao trabalho de alguém que passou toda sua vida produzindo beleza. Mas podem chamar do que quiserem.

VEJA O VÍDEO:

VICENTE DE PAULA escultor e precursor do movimento de emancipação do Embu das Artes

O escultor, poeta e pintor primitivista Vicente de Paula, é outro integrante de um clã de artistas autodidatas, da família silva: A mãe, Maria Almeida da Silva - escultora e pintora, o irmão Sebastião Cândido-pintor, João Cândido - pintor e escultor e Maria Auxiliadora, (1935-1974), doméstica e passadeira descoberta pelo especialista alemão Ronald Werne na Praça da República; artista e pintora primitivista, da naife, conhecida internacionalmente.
Mineiro de Campo Belo, como todo menino de sua cidade, aos 11 anos, Vicente começou brincando em pedra sabão e canivete, a diferença é que com 16 anos, copiava trabalhos de ‘’Aleijadinho’’.
Vicente de Paula é um artista especial, exculpe na madeira cenas do cotidiano vivido, lembranças que vão se revelando textualmente no relevo da madeira. Com intuição própria e técnica pessoal encontra sua expressão estética exteriorizando seu interior, que se liberta de qualquer tipo de amarras à arte acadêmica. Versão comum da arte planejada, antes de criar... É assim que evolui a arte dos artistas não especializados academicamente. Desenvolvem isoladamente e por si só habilidades e dons artísticos pessoais. É a arte naife.

No inicio da década de 40, Vicente, atraído pelas promessas de prosperidade que a capital paulista oferecia, veio com a mãe e os irmãos em busca de uma vida melhor. Conseguindo emprego como funcionário da prefeitura. Com tempo de sobra aproveitava para esculpir na madeira. Descobrindo ai, vocação pelo artesanato. Tinha 27 anos, quando se demitiu do emprego e decide viver apenas da arte.

Sem esperar Vicente sofre um derrame de pleura, ficando sete anos internado no hospital do mandaqui.
_ Ai levei a escultura a sério. Fazia cópias de santos, em madeira e pedra sabão. As freiras vendiam as peças e com o dinheiro eu pagava meus remédios, pois não queria viver do estado. Foi no hospital que Vicente lendo revistas de arte descobriu o Assis do Embu, o escultor. ‘’ comecei a espiar aquela idéia’’. Quando recebeu alta, Vicente vai conhecer pessoalmente Assis, que o leva para morar em seu ateliê na cidade de Embu, onde já viviam vários artistas. Passou dois meses lá. Depois ficava trabalhando (esculpindo) entre Embu e a Rua Augusta. Nesse tempo conhece Raquel Trindade, filha do teatrólogo, músico e poeta negro Solano Trindade com quem vai morar junto num barraco em Santana. Assim, em 1958, juntamente com Solano Trindade participa das atividades do Teatro Popular Brasileiro como secretário. No fim dos anos 1960, juntou-se, com outros integrantes da família, pintores, como o escultor Vicente de Paula e o pintor João Cândido, ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, principalmente de cultura e arte de origem africana.

Na sua trajetória Vicente de Paula, dedicada se á cultura do povo brasileiro e suas tradições, desde 1956, quando iniciou suas atividades artísticas.

Certa vez, entalhando um trabalho novo num barraco atelier na cidade de Embu das Artes, Vicente explica: quando começo um trabalho não sei exatamente o que vai sair. As formas vão aparecendo automaticamente, são as manifestações inconscientes do meio em que vivi: muita gente pobre vivendo e sofrendo e se divertindo junto.