Portal dedicado á memória do clã de artistas parentes de sangue familia Silva.

segunda-feira, 1 de março de 2010

VICENTE DE PAULA escultor e precursor do movimento de emancipação do Embu das Artes

O escultor, poeta e pintor primitivista Vicente de Paula, é outro integrante de um clã de artistas autodidatas, da família silva: A mãe, Maria Almeida da Silva - escultora e pintora, o irmão Sebastião Cândido-pintor, João Cândido - pintor e escultor e Maria Auxiliadora, (1935-1974), doméstica e passadeira descoberta pelo especialista alemão Ronald Werne na Praça da República; artista e pintora primitivista, da naife, conhecida internacionalmente.
Mineiro de Campo Belo, como todo menino de sua cidade, aos 11 anos, Vicente começou brincando em pedra sabão e canivete, a diferença é que com 16 anos, copiava trabalhos de ‘’Aleijadinho’’.
Vicente de Paula é um artista especial, exculpe na madeira cenas do cotidiano vivido, lembranças que vão se revelando textualmente no relevo da madeira. Com intuição própria e técnica pessoal encontra sua expressão estética exteriorizando seu interior, que se liberta de qualquer tipo de amarras à arte acadêmica. Versão comum da arte planejada, antes de criar... É assim que evolui a arte dos artistas não especializados academicamente. Desenvolvem isoladamente e por si só habilidades e dons artísticos pessoais. É a arte naife.

No inicio da década de 40, Vicente, atraído pelas promessas de prosperidade que a capital paulista oferecia, veio com a mãe e os irmãos em busca de uma vida melhor. Conseguindo emprego como funcionário da prefeitura. Com tempo de sobra aproveitava para esculpir na madeira. Descobrindo ai, vocação pelo artesanato. Tinha 27 anos, quando se demitiu do emprego e decide viver apenas da arte.

Sem esperar Vicente sofre um derrame de pleura, ficando sete anos internado no hospital do mandaqui.
_ Ai levei a escultura a sério. Fazia cópias de santos, em madeira e pedra sabão. As freiras vendiam as peças e com o dinheiro eu pagava meus remédios, pois não queria viver do estado. Foi no hospital que Vicente lendo revistas de arte descobriu o Assis do Embu, o escultor. ‘’ comecei a espiar aquela idéia’’. Quando recebeu alta, Vicente vai conhecer pessoalmente Assis, que o leva para morar em seu ateliê na cidade de Embu, onde já viviam vários artistas. Passou dois meses lá. Depois ficava trabalhando (esculpindo) entre Embu e a Rua Augusta. Nesse tempo conhece Raquel Trindade, filha do teatrólogo, músico e poeta negro Solano Trindade com quem vai morar junto num barraco em Santana. Assim, em 1958, juntamente com Solano Trindade participa das atividades do Teatro Popular Brasileiro como secretário. No fim dos anos 1960, juntou-se, com outros integrantes da família, pintores, como o escultor Vicente de Paula e o pintor João Cândido, ao grupo que girava em torno do músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, SP, onde se formara um centro de artesanato, principalmente de cultura e arte de origem africana.

Na sua trajetória Vicente de Paula, dedicada se á cultura do povo brasileiro e suas tradições, desde 1956, quando iniciou suas atividades artísticas.

Certa vez, entalhando um trabalho novo num barraco atelier na cidade de Embu das Artes, Vicente explica: quando começo um trabalho não sei exatamente o que vai sair. As formas vão aparecendo automaticamente, são as manifestações inconscientes do meio em que vivi: muita gente pobre vivendo e sofrendo e se divertindo junto.

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